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Rússia e Ucrânia concordaram em evitar ataques no Mar Negro e a instalações elétricas, afirma Casa Branca

Rússia e Ucrânia concordaram em evitar ataques no Mar Negro e a instalações elétricas, afirma Casa Branca

Kiev pediu mais detalhes sobre os termos após anúncio americano de concordância entre as partes sobre a pauta negociada em reuniões separadas, com o propósito de ambos os lados evitarem ataques na região do Mar Negro.

Acordo sobre Ataques no Mar Negro

Rússia e Ucrânia concordaram em cessar os combates no Mar Negro e em definir os detalhes para cessar os ataques às instalações de energia, anunciou a Casa Branca nesta terça-feira, após três dias de reuniões diplomáticas separadas com representantes de ambos os países em Riad, na Arábia Saudita. 

Acordo sobre Ataques no Mar Negro
Negociações e Acordo sobre Ataques no Mar Negro

A declaração foi o passo mais importante até o momento em direção ao cessar-fogo total prometido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A Ucrânia pediu novas reuniões imediatamente para determinar os detalhes dos acordos anunciados por Washington.

Negociações sobre o Mar Negro

A rodada de negociações, que aconteceu entre o último final de semana e esta terça-feira, foi concluída sem nenhum tipo de entrevista coletiva conjunta das delegações. Mas a Casa Branca divulgou duas declarações diferentes dizendo que havia fechado acordos separados com a Ucrânia e a Rússia, e dizendo que Washington, Kiev e Moscou concordaram com o envolvimento de terceiros países no “apoio à implementação dos acordos marítimos e de energia”.

Em uma das notas divulgadas, Washington detalhou que havia chegado a um entendimento com Kiev sobre “garantir a segurança da navegação, eliminar o uso da força e impedir o uso de embarcações comerciais para fins militares no Mar Negro”. Também comprometeu-se a “apoiar os esforços para realizar a troca de prisioneiros, libertar civis e devolver crianças ucranianas deslocadas à força”.

Já na nota direcionada à Rússia, afirmou que o país, alvo de inúmeras sanções, pode contar com o apoio da Casa Branca para “restaurar o acesso” ao “mercado global de exportações agrícolas e de fertilizantes, reduzir os custos de seguro marítimo e melhorar o acesso a portos e sistemas de pagamento para essas transações”.

Não ficou imediatamente claro como e quando os acordos seriam implementados. Segundo o Kremlin, só entrará em vigor após o “levantamento das restrições de sanções” sobre o Banco Agrícola Russo e outras “instituições financeiras envolvidas no comércio internacional de alimentos”, e somente depois que elas forem conectadas ao sistema de pagamento internacional SWIFT.

Rustem Umerov, ministro da Defesa da Ucrânia, que liderou a delegação de seu país em Riad, disse por sua vez que “consultas técnicas adicionais” teriam que ser realizadas o mais rápido possível para “a implementação, o monitoramento e o controle dos acordos”.

Tanto a Rússia quanto a Ucrânia dependem muito do Mar Negro para a exportação de commodities. Em meados de 2022, eles intermediaram um acordo que permitia que a Ucrânia transportasse grãos pelo mar, mas a Rússia se retirou do acordo um ano depois, argumentando que as sanções ocidentais estavam limitando severamente sua capacidade de exportar produtos agrícolas.

Em seguida, a Rússia ameaçou todas as embarcações comerciais que iam e voltavam da Ucrânia, com o objetivo de estrangular suas exportações marítimas. Em resposta, as Forças Armadas ucranianas iniciaram uma campanha que expulsou a Marinha russa das partes ocidentais do Mar Negro, destruindo muitos de seus navios de guerra e atacando seu quartel-general na Crimeia ocupada. 

A operação permitiu que Kiev estabelecesse um novo corredor de transporte marítimo no Mar Negro e retornasse as exportações de grãos por via marítima a níveis próximos aos de pré-guerra.

Negociações em Riad sobre o Mar Negro

Durante as negociações em Riad, os EUA reiteraram que o presidente Donald Trump quer imperativamente “acabar com a matança em ambos os lados do conflito” como um “passo necessário para alcançar uma paz duradoura”. Para isso, pretende continuar a “facilitar as negociações entre os dois lados para alcançar uma resolução pacífica”, diz um parágrafo idêntico nos dois comunicados emitidos pela Casa Branca.

Negociações em Riad sobre o Mar Negro
Saiba mais sobre as Negociações em Riad sobre o Mar Negro

Mais cedo, autoridades de Moscou já haviam afirmado estar de acordo com uma trégua naval no Mar Negro. O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, disse que questões envolvendo a segurança da navegação no Mar Negro foram discutidas com os americanos, e que a Rússia concorda, porém, condicionou o acordo a garantias americanas.

— Precisamos de garantias claras… Essas garantias só podem ser resultado de uma ordem de Washington ao [presidente da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky — disse Lavrov em entrevista à agência Tass, acrescentando que Moscou também está exigindo que não seja mais “excluída” do mercado global de fertilizantes e grãos.

Pouco depois do anúncio americano, Kiev pediu mais negociações para que fossem abordados os detalhes sobre os acordos que os EUA anunciaram terem sido obtidos. Em paralelo, também emitiram um alerta de que qualquer movimento de navios de guerra russos “fora da parte oriental” do Mar Negro será tratado como uma violação do acordo e uma “ameaça à segurança nacional da Ucrânia”.

“Nesse caso, a Ucrânia terá pleno direito de exercer o direito de autodefesa”, diz a declaração do Ministério da Defesa no X.

Para Zelensky, o acordo dos EUA com a Ucrânia e a Rússia é um “passo correto”:

— É muito cedo para dizer que vai funcionar, mas essas foram as reuniões certas, as decisões certas, os passos certos disse ele a repórteres em Kiev nesta terça-feira. — Ninguém pode acusar a Ucrânia de não estar caminhando para uma paz sustentável depois disso.

Ainda segundo o presidente ucraniano, Kiev concorda que terceiros países supervisionem aspectos de uma futura trégua:

— Isso não é uma coisa ruim, por exemplo, alguém da Europa ou, por exemplo, da Turquia pode estar envolvido na situação no mar, e talvez alguém do Oriente Médio em termos de energia.

Ataques a infraestruturas no Mar Negro

Uma trégua relacionada aos ataques contra infraestruturas energéticas na Ucrânia e na Rússia também foi discutida em Riad nos últimos dias. Sobre este assunto, a Casa Branca declarou em nota que os países “mantêm o compromisso” de evoluir as conversas sobre o fim dos ataques a instalações do setor de energia e que trabalham em prol de uma “paz duradoura”.

Trégua relacionada aos Ataques Contra Infraestruturas energéticas no Mar Negro
Trégua relacionada aos Ataques Contra Infraestruturas energéticas no Mar Negro

Segundo o Kremlin, as autoridades russas e americanas concordaram em elaborar medidas com o objetivo de implementar uma trégua de 30 dias nos bombardeios a instalações elétricas. A pausa de 30 dias foi anunciada em 18 de março pelos presidentes Vladimir Putin e Donald Trump, mas nunca foi realmente implementada, já que Kiev e Moscou se acusaram mutuamente de continuar os ataques.

De acordo com uma declaração da Presidência russa, a lista de instalações afetadas foi “acordada entre a Rússia e os Estados Unidos”. Ela inclui refinarias de petróleo e oleodutos que são alvos quase semanais de ataques de drones ucranianos em território russo, usinas de energia, transformadores e subestações que a Rússia tem atacado com frequência na Ucrânia, causando grandes quedas de energia e usinas nucleares e represas hidrelétricas infraestruturas particularmente sensíveis, que Kiev e Moscou acusaram repetidamente um ao outro de atacar nos últimos três anos.

O Kremlin especificou ainda que “no caso de uma violação da moratória por uma das partes, a outra pode se considerar liberada da obrigação de respeitá-la”. A trégua também poderia ser “estendida por acordo mútuo”, acrescentou. (Com AFP e The New York Times)

Fonte: The New York Times

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